Friday, February 23, 2007

Grândola Vila Morena


Zeca Afonso morreu há 20 anos vítima de esclerose, depois de vários anos a viver com a doença.
"Grândola, Vila Morena" foi a contra-senha para o 25 de Abril de 1974. Foi também um dos rasgos de José Afonso, que desde cedo se envolveu na música para deixar eternas, baladas e canções.


Os sons de Zeca Afonso resistem ao tempo e adaptam-se aos géneros. Símbolo da liberdade, muitas vezes se viu confrontado com os problemas de quem quer gritar. A infância e a juventude passou-as entre Aveiro, Maputo e Lunda, vindo depois a estudar em Coimbra. Aí encontrou nas serenatas uma forma de fazer canções.

Zeca Afonso esteve sempre do outro lado do regime salazarista, partilhou experiências com aqueles que lutavam contra o homem do poder, perdeu-se nas consequências a que essa força obrigava. Foi detido, proibido, impedido de agir, mas nunca desistiu e não se deixou demover. Tinha a garra de uma voz pujante que o ajudou a ficar no ouvido dos portugueses.

Ganhou muitos prémios e recusou outros, como o da ordem da liberdade, a mesma que insistiu em procurar fora dos galardões.

Os coliseus, já em 1983, já doente, assinalaram os últimos espectáculos ao vivo. Sempre com ritmos marcados e uma melodia feita à medida de uma guitarra com voz. A voz que se levantava e se erguia para lá da música. A voz que o marcou como músico de intervenção.

Faz agora 20 anos que morreu, vítima de esclerose, depois de vários anos a viver com a doença. Mas Zeca Afonso não foi efémero. Deixou legado. Por isso se tornou imortal.



Para nunca esquecer, aqui fica a senha que mudou o nosso mundo:


Grândola Vila Morena



Grândola, vila morena

Terra da fraternidade

O povo é quem mais ordena

Dentro de ti, ó cidade


Dentro de ti, ó cidade

O povo é quem mais ordena

Terra da fraternidade

Grândola, vila morena


Em cada esquina um amigo

Em cada rosto igualdade

Grândola, vila morena

Terra da fraternidade


Terra da fraternidade

Grândola, vila morena

Em cada rosto igualdade

O povo é quem mais ordena


À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade

Jurei ter por companheira

Grândola a tua vontade


Grândola a tua vontade

Jurei ter por companheira

À sombra duma azinheira

Que já não sabia a idade


Zeca Afonso

3 comments:

Rui Rebelo said...

Grande Zeca!

zmsantos said...

Sara. Não sabes, como é gratificante ouvir falar de um Homem e da sua obra, como foi, a de José Afonso, pelas palavras de alguém, como tu, que de muito jovem, não foi seu contemporâneo.
Penso que o Zeca estará feliz pois o seu trabalho continua a dar frutos.

Beijinho e bom fim-de-semana.

Alentejanita said...

Obrigado pelo elogio, mas a música de Zeca Afonso não contagia apenas os seus contemporâneos, mas sim várias gerações e eu tenho o previlégio de perteceer a uma dessas gerações.

Beijinho e bom fim de semana